"Legião Urbana - A melhor banda de rock do Brasil de todos os tempos!
Apesar de estarmos sendo inundados pelas músicas da Legião Urbana, não poderia deixar de contribuir para os fãs conectados, colocando alguns links da banda na Internet, e tendo a ousadia de fazer uma revisão bem pessoal de sua discografia.
Renato Russo foi o ídolo de mais de uma geração de jovens. Suas letras continham a rebeldia, a busca de verdades, a ânsia, a dúvida e a indignação, recheadas de contradições, com as quais muita gente se identificava. Fui um deles. As poucas noções musicais que aprendi com nossa banda de rock de garagem, eram praticadas com suas músicas. Notas facílimas, pouquíssimas, no entanto davam uma riqueza musical, graças a melodia de suas músicas. Lembro como hoje, nosso guitarrista bossa-nova, iniciante, tirando de ouvido "Ainda É Cedo", usando nada menos que 12 acordes. Para nossa surpresa, descobrimos depois que a banda tocava com somente três! Três facílimas notas, de muito mais impacto, geravam toda uma sinfonia para nossos ouvidos. Cada novo disco era aguardado ansiosamente. Precisávamos aumentar nosso repertório. E a Legião não desapontava...
Discografia
Legião Urbana:
O primeiro disco da banda contava com os hits "Será", "Ainda É Cedo" e "Geração Coca-cola" que colocaram a Legião já no podium do Rock nacional, junto com os Paralamas e o Barão (e depois os Titãs). O disco reflete bem a época, letras jovens, rebeldes, som mais pesado e imediato, sem capricho. Direto na veia e sem decepcionar. A excelente música "Por Enquanto" passou totalmente despercebida na época, mas foi depois sucesso em um cover, além de sempre ser muito tocada e curtida nos shows .
O estilo que a Legião emplacaria no futuro estava em estado embrionário. O teclado era usado apenas ocasionalmente e não tinha a mesma participação que o baixo e a bateria, que marcam as ótimas "Teorema", "Baader-Meinhof Blues" e "Perdidos no Espaço". Renato Russo tentou mandar o recado sobre suas preferências sexuais na cultuada "Soldados", mas ninguém entendeu na época.
Dois
Já no início, escutamos "Será" baixinho e com ruídos. Pronto. O recado está dado. É uma nova fase. O disco abre com a incrível "Daniel na Cova dos Leões", um desabafo sobre o sexo e a insegurança, com melodia e acompanhamento firmes e criativos. A musicalidade da banda está diferente e a presença dos teclados fantásticos, tocados pelo próprio Renato Russo, permeia quase todas as músicas.
Mas o sucesso foi mesmo "Tempo Perdido", tema sobre a impossibilidade de se voltar atrás. Mas quem quer voltar atrás quando se tem uma música tão bela? A inspiração clara do The Smiths (às vezes negado, às vezes confessado pelo líder) , a melodia desconcertante, e a cozinha no melhor estilo legião que tanto ouviríamos depois. Realmente, um sucesso de muito bom gosto. Estouraram na época também "Eduardo e Mônica", a primeira das historinhas de Renato, e por incrível que pareça, a difícil "Índios" ("É só maldade deixar um Deus tão triste"). Difícil, mas mesmo assim, adorável, uma sequência esquisita de notas de teclado tocado forte, seguido de pausas de suspiro com "eu quis o perigo e até sangrei sozinho..."
E tem a cultuada: "Acrilic On Canvas". Guitarra dark, clima sombrio, assustadora, letra fantástica. Demorei uns 6 meses para gostar dela :-), mas nunca esqueci. Não podemos esquecer a "Andrea Dória", no mesmo estilo, e a música mais otimista da banda em todos os tempos: "Quase Sem Querer". Levanta o astral em qualquer momento
Este disco é a verdadeira obra-prima, que resistirá a todos os tempos. O estilo estava pronto, as letras inspiradas, e a qualidade de som, aceitável. Um elogio, considerando a qualidade de som amadora do primeiro e terceiro discos, principalmente.
Que País É Este
O maior problema era tentar se superar. Quase a Legião se acaba depois da obra-prima. Tivemos um hiato, e o terceiro disco demorou a sair e veio por obrigação e todo desigual. O fruto disforme veio sem identidade. A maioria das música compostas há bastante tempo, fez a banda regredir no seu estilo. Mas mesmo assim temos "Que País É Este" que costumava abrir os shows antigos da banda, onde uma rebeldia quase infantil, retrata nosso país, acompanhado novamente de um rock efeciente baseado em três notas apenas. A melhor do disco.
É deste disco o sucesso mais estranho que este país já teve. "Faroeste Caboclo" não poderia fazer sucesso que fez, com seus quase 10 minutos, uma letra inacabável, mas tinha o charme novamente do Renato Russo. As rádios censuraram algumas palavras, mas os fãs faziam questão de cantar toda a letra, que era ainda maior que o nosso infindável Hino Nacional. Parabéns para eles.
O disco traz ainda as ótimas "Angra dos Reis", um teclado magnífico, e "Eu Sei", que era conhecida como "Sexo Verbal" nos show da banda.
As Quatro Estações
Pronto. A Legião chega ao seu ápice. Sua segunda obra prima, letras inspiradíssimas, filosóficas, inesquecíveis, mas o disco foi estuprado pelas FMs do país. Este disco causou histerias nos shows, vendeu horrores, e emplacou pelo menos 5 sucessos. O estilo do som da Legião estava formado. A ausência do baixo de Renato Rocha que tinha saído da banda não impediu deles manterem o pique.
A minha favorita abre o disco. "Há Tempos", sem comentários: "Meu Amor, Disciplina é liberdade, Compaixão é fortaleza, Ter bondade é ter coragem..." A Legião tinha a capacidade de emplacar um hit completamente fora dos moldes, sem refrão e sem repetição.
Mas o que marcou a época foi mesmo a dualidade de "Pais E Filhos", a gostosa "Quando O Sol Bater na Janela do Teu Quarto" e "Meninos e Meninas". Mas o disco tem muito mais, tem a homenagem muito discreta ao Cazuza em "Feedback Song For a Dying Friend", em a misteriosa "Eu Era Um Lobisomem Juvenil" e a assombrosa "Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar". É de arrepiar: "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo tende piedade de nós..."
Nesta época, se faziam comentários bobos a respeito das referência homossexuais nas letras, como "Soldados", "Daniel", "Feedback song" e "Meninos e Meninas". Renato Russo teve a coragem de assumir publicamente suas preferências numa entrevista na revista Bizz que chocou na época.
Este disco é incrível, imperdível e leve. Pena que foi tão explorado pelas FMs que algumas músicas parecem datadas.
V
Outro problema. Depois de uma obra prima o que vem? Claro, outro disco esquisito, incompreendido e difícil. "Love Song" é uma bela introdução de um minuto em português arcaico. O "Teatro dos Vampiros", e a cotidianíssima "O Mundo Anda Tão Complicado" foram os hits. É, se aproveita alguma coisa neste disco desigual. Tem também a longa e inconstante "Metal Contra as Nuvens". Era o disco preferido pelo Renato.
Música Para Acampamentos
Disco com gravações ao vivo em shows, rádios e na MTV, foi a resposta aos fãs e rádios que estavam consumindo gravações piratas da Banda. Aqui alguns covers típicos mas impossíveis, como "Youve Lost That Lovin Feelin", "Jealous Guy" e "Ticket to Ride", todas em cima do playback de A Montanha Mágica, sem mudar absolutamente nada. Só eles mesmo para fazer tal loucura... Mas uma música antiga "Senhor da Guerra" foi gravada, diminuindo assim as músicas conhecidas que nunca tinham sido lançadas em discos.
Descobrimento do Brasil
A vida tem altos e baixos. Depois do baixo V, vem um alto muito bom. Um som maduro e inspirado. Renato está mais desolado, meio cáustico, mas continua cativando "Quando você deixou de me amar aprendi a perdoar..." em "Vinte E Nove", e "O que há de errado comigo... Me arranca esse ódio, me livra desse medo" na minha preferida do disco, "A Fonte".
Os sucessos ficaram com "A Perfeição" (outra música estranha para fazer sucesso), a boba "Vamos Fazer um Filme" (essa mais acessível para o gosto comum dos DJs) e "Os Barcos". Nesta, observe o lamento da guitarra quando ele canta a frase "eu fico com a saudade você com outro alguém").
O disco tem ainda as boas "Giz", ilustrada com um teclado com som de flauta repetitivo e alegre e outra rara música otimista: "Só Por Hoje": ("só por hoje vou lembrar que sou feliz... posso até ficar triste se eu quiser. É só por hoje, ao menos isso eu aprendi").
The Stonewall Celebration Concert
Disco solo em inglês, com regravações de músicas de outros compositores, de clima esquisito com músicas em tom homossexual. O disco tem altos e baixos, e o acompanhamento é muito pobre: só violão e teclado. Sobressai o estilo country, inédito na sua carreira, no sucesso Cathedral Song
Equilíbrio Distante
Desculpe, não compreendo este disco e não posso opinar. Sei que o Renato Russo tinha a intenção de fazer um disco brega, mas não é o que saiu. Posso destacar a excelente qualidade gráfica.
"I Venti Del Cuore" lembra muito a Legião e pode ser curtida pelos fãs. E a música "La Vita È Adesso" tem um "solo de guitarra" no final muito interessante, pois na verdade é todo tocado por um teclado!
A Tempestade
O fim da Legião é anunciado no título, afinal a calmaria que se vem depois de "A Tempestada" vai ser longa e impreenchível. Pela própria sinceridade do Renato Russo, o clima do CD não poderia ser diferente, é pesado e depressivo. Mas são 65 minutos de genialidade da maior banda de rock brasileira de todos os tempos. A Legião Urbana se repete muito neste CD, o que é muito bom!
Seus músicos atingem o ponto máximo, a guitarra e bateria estão ótimos, e agora o teclado é do competentíssimo Carlos Trilha que tocou nos CDs solo do Renato, e mantém o mesmo estilo preferido por ele. A qualidade de som é inédita, é muito boa mesmo. A produção ficou principalmente por parte do Dado Villa-Lobos e a masterização em Nova Iorque. Enfim, tudo que os fãs mereciam.
O disco abre com "Natália", um rock típico com letra amarga "Ter esperança é hipocrisia, A felicidade é uma mentira, E a mentira é salvação". Em "Música de Trabalho", Renato fala da opressão ao trabalhador, apesar do desejo que todos temos em ser úteis. A titubeante "Longe do Meu Lado" é tão frágil quanto o coração do nosso poeta.
"Soul Parsifal", traz um ritmo diferente, com influências do que o Renato explorou em seus discos solo. Assim como "1o. de Julho" que é uma gravação não aproveitada da época do Stonewall.
"Dezesseis" é um outro rock e mais uma historinha típica, bem ingênua. "Leila" é também outra música cotidiana. Que bom que o Renato Russo se repete! Ninguém sabe retratar a vida comum como ele.
A "Via Láctea" segue o estilo do disco As Quatro Estações, e deve por isso, fazer muito sucesso. A letra é de um falso otimismo, e que não só entristece como lembra as últimas gravações de ídolos de saúde abalada como o Cazuza, o Fred Mercury e o Raul Seixas. "Música Ambiente" segue o mesmo rumo.
O disco é grande. São 15 músicas para serem bem ouvidas e entendidas, e é muito cedo para comentá-las. Mas a mais marcante de todas é "Esperando Por Mim", que, sozinha, vale o CD.
Que música estranha, um violão tocado forte, aliás vários violões, pelo menos três, sendo que um deles não gosta muito de mudar de nota :-) Uma microfonia frequente, no fundo, na primeira parte, é meio enigmática, pois está lá de propósito. Uma guitarra indecifrável e magnífica quando se funde com o teclado no final. É fantástica. Ok, a música amedontra um pouco. A letra é ótima: "cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição...". É sobre a volta para casa, a família, os bons amigos, o carinho e a compreensão.
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Saulo Pereira
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